Em São Paulo, por exemplo, restaurantes do Grupo Antonietta, Tahin, General Burger e Mocotó já registraram “aumento significativo” na venda por entrega. Enquanto outros lugares, fecharam as portas e decidiram optar apenas pelo sistema take away e delivery, como os chefs Tuca Mezzomo e Telma Shiraishi.
“No delivery do Shopping D, que atende regiões centrais, teve um aumento de 20% em número de pedidos, comparando as duas primeiras quinzenas. Se comparado por fim de semana, 13% a mais”, confirmou a assessoria do restaurante Mocotó.
A decisão de pedir comida é, de fato, mais segura para o consumidor. Segundo Átila Iamarino, biólogo e doutor em microbiologia pela USP, existe “pouco perigo de transmissão” nessa prática.
“A entrega de comida, na verdade, resolve grande parte do problema. Por mais que, na hora da entrega, a gente pense mais no perigo da comida, o maior risco é contato com o entregador”, diz. Isso porque, em uma situação de isolamento, é nesse momento que há o risco de contaminação por gotículas de saliva e no contato físico.
Atenção às embalagens

“A comida não transporta, até onde se sabe, o vírus. Não há casos registrados. É mais provável que possa estar na embalagem”, diz Átila. Afinal, elas são manuseadas por mais pessoas, desde a estocagem e a montagem do delivery à entrega.
O microbiologista indica que, quando possível escolher, deve-se dar preferência às embalagens de papelão. Neste material, o vírus dura cerca de 24 horas. Já nas produzidas com plástico, o período de vida salta de dois a três dias.
Como higienizar as embalagens?
“É muito fácil e prático higienizar as embalagens. Basta, assim que chegar em casa com a entrega, higienizar as mãos e o recipiente em que o alimento chegou com álcool 70%”, aconselha. “Ainda assim, não é preciso paranoia, porque a gravidade é só se alguém espirrar em cima dela, o que é bem pouco provável”.
Como evitar os riscos, mesmo que mínimos?
“A recomendação é fazer pagamentos direto pelo aplicativo. A grande vantagem do delivery de comidas é a possibilidade de não precisar entrar em contato com o entregador e fazer o pagamento remotamente”, acrescenta Átila.
Como os serviços de entrega de comida estão se posicionando?

Em comunicado enviado aos restaurantes, o iFood afirmou testar entregas com o menor contato possível, em que o cliente possa combinar com o entregador via chat onde deixar o seu pedido.
Para os entregadores e restaurantes parceiros, a empresa está reforçando as boas práticas e medidas preventivas, como a higienização dos funcionários e das embalagens a serem distribuídas.
Já a Uber Eats declarou enviar recomendações para restaurantes desde o dia 28 de fevereiro. Um epidemiologista está orientando também estratégias e ações com as organizações de saúde pública, removendo o acesso ao app quando há casos confirmados de coronavírus.
Além disso, há uma campanha educativa com os usuários e os entregadores parceiros para reduzir o nível de contato na hora da entrega.
O que os restaurantes estão fazendo para minimizar a contaminação?

Em contato com o Nossa, restaurantes de São Paulo e do Rio de Janeiro relataram estar tomando diversas medidas para o devido controle.
Maior espaço entre as mesas, aumento da distribuição de álcool em gel pelo local, áreas externas disponibilizadas para acomodar os clientes e monitoramento dos profissionais que trabalham nos restaurantes são algumas delas.
“O momento atual é delicado e nossas casas estão abertas com todos os processos de qualidade reforçados”, diz nota do Grupo Antonietta.